Análise da transposição didática das Leis de Kepler no Ensino Médio: um olhar a partir dos constrangimentos didáticos que emergem do saber a ensinar e do saber ensinado
DOI:
https://doi.org/10.14244/RELEA/2025.40.39-90Palavras-chave:
Ensino de Astronomia, Ensino de Física, Leis do movimento planetárioResumo
O presente estudo investiga como ocorre o processo de transposição didática interna das três leis do movimento planetário de Kepler no Ensino Médio. A pesquisa foi realizada em cinco colégios estaduais do Núcleo Regional de Educação de Maringá, Paraná, Brasil, envolvendo cinco professores de Física. Os dados foram coletados por meio de diários de campo e gravações de áudio das aulas, permitindo uma análise detalhada das falas dos professores. Os resultados revelam que o material didático (Saber a Ensinar) utilizado apresenta inconsistências, simplificações e erros factuais devido à descontextualização, despersonalização, dessincretização e publicidade do saber científico original sem uma adequada vigilância epistemológica. Por exemplo, no que se refere à primeira lei de Kepler, o material apresenta órbitas planetárias com alta excentricidade e afirma incorretamente que as três leis foram apresentadas na obra Astronomia Nova. No que tange ao Saber Ensinado, ou seja, as aulas ministradas pelos professores, a análise crítica revelou que a maioria dos docentes também não realiza a vigilância epistemológica necessária ao transpor o conteúdo, perpetuando os equívocos do Saber a Ensinar e, em alguns casos, agravando-os. Um exemplo disso é a abordagem da lei dos períodos, na qual os professores não mencionam a busca de Kepler pela harmonia dos movimentos planetários baseada na música, ou ainda quando inserem a concepção newtoniana de gravitação de forma mesclada com as ideias de Kepler. Essas evidências sugerem uma falta de vigilância epistemológica mais ativa tanto por parte dos professores quanto dos elaboradores do material didático, ampliando negativamente os impactos dos constrangimentos didáticos durante o processo de transposição. Assim, fica o alerta para a necessidade de uma revisão mais cuidadosa e rigorosa dos materiais didáticos e de uma formação continuada dos professores para garantir que o conhecimento científico seja transposto considerando seu contexto histórico, social, cultural e epistemológico, a fim de assegurar que os saberes escolares sejam menos simplificados e mais conectados às suas origens.
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